Concessão do Corredor do Lobito foi a melhor opção – economistas
A concessão do Corredor do Lobito ao consórcio Trafigura, Vecturis e Mota-Engil, para sua exploração e manutenção durante 30 anos, é uma opção acertada do Estado angolano porque vai trazer grandes fluxos financeiros ao país, defenderam os participantes ao debate sobre aquela plataforma logística promovido pela Rádio Benguela.
O economista Janísio Salomão, um dos participantes ao debate, afirmou que o Estado gastou biliões de dólares para revitalizar as suas infra-estruturas e precisa do retorno do capital investido.
Apontou o Caminho de Ferro de Benguela (CFB), o Porto do Lobito e o Aeroporto Internacional da Catumbela como sendo elementos de elevada importância para o Corredor do Lobito, justificando que através deles vão circular produtos e serviços essenciais para o país, além de permitir escoar a produção nacional para os países vizinhos como a República Democrática do Congo, com cerca de 100 milhões de habitantes.
Para o administrador para a área Técnica e de Segurança do Porto do Lobito, Joaquim Cristiano, a exploração do Corredor do Lobito pelo consórcio vai permitir que o mineiro dos países vizinhos, nomeadamente da RDC e da Zâmbia, sejam escoados com maior celeridade.
Por sua vez, Elda Paulo, professora da Universidade Katyavala Bwila, organizadora e participante da Conferência Internacional sobre Logística e Transportes em Angola, realizada recentemente em Benguela, acrescentou que “há a necessidade de cooperação científica e tecnológica entre a sua instituição e as empresas do sector logístico no país e não só”.
Defendeu o modelo de mutualização como um dos caminhos a seguir, aderindo à experiência partilhada de países como a França e os Países Baixos.
Já o Presidente do Conselho de Administração do Caminho-de-Ferro de Benguela, António Cabral, fez uma abordagem sobre o actual estado do Corredor do Lobito, afirmando que por parte de Angola o investimento foi feito, permitindo que a infra-estrutura hoje tenha a capacidade de transportar toda a mercadoria que aparecer na fronteira.
O CFB tem uma linha férrea com mil 344 quilómetros, partindo do Lobito (Benguela) até ao Luau (Moxico), com 67 estações ao longo da sua extensão.
Conta com serviços de passageiros normal e expresso, e de transporte de mercadorias internas e internacionais. Está em perspectiva a entrada em funcionamento das novas unidades multi-diesel, que farão o transporte do Lobito a Benguela e vice-versa. Já o Porto do Lobito deu início às operações comerciais em 1928, com a atracação do primeiro navio. Em 1973, atingiu o pico em termos de carga movimentada, aproximadamente 3 milhões de toneladas, 50% das quais referentes a carga em trânsito. A carga movimentada no Porto do Lobito era essencialmente cereais, minérios e pasta de celulose, segundo documentos da empresa.