Ciclone Guido faz 4 mortos e deixa 200 mil pessoas sem electricidade

O ciclone tropical Chido, que atingiu Moçambique na manhã de ontem, domingo, dia 15, com ventos fortes e chuva intensa, depois de ter causado 1 5 mortes e destruição no território francês de Mayotte, no Oceano Índico, já causou quatro mortos em Moçambique, de acordo com notícia avançada pela RDP África.

Para além das vítimas mortais, o Guido deixou 200 mil pessoas sem electricidade segundo um comunicado da empresa Eletricidade de Moçambique (EDM), nomeadamente a cidade de Pemba, muitos distritos da província de Cabo Delgado e alguns distritos da província de Nampula.

O ciclone tropical intenso Chido, de escala 3 (1 a 5), atingiu a zona costeira do norte de Moçambique na noite de sábado para domingo, segundo o Centro Nacional Operativo de Emergência (CNOE), “enfraqueceu para tempestade tropical severa”, mas “continua a fustigar” aquelas duas províncias do norte, com “chuvas muito fores acima de 250 mm [milímetros]/24 horas, acompanhada de trovoadas e ventos com rajadas muito fortes”.

“Este cenário apresenta risco elevado risco de inundações urbanas e erosão nas cidades de Pemba, Nacala e Lichinga, assim como em áreas baixas e ribeirinhas das bacias dos rios Muaguide, Megaruma, Lúrio”, refere a informação do CNOE, consultada pela Lusa.

Os efeitos do ciclone Chido já se faziam sentir no norte de Moçambique esta manhã, sobretudo nas zonas costeiras, com cortes de eletricidade que limitam as comunicações, reportou a ONG ActionAid.

“A situação na cidade de Nampula permanece tranquila. Foram registadas chuvas e trovoadas, mas, neste momento, a chuva abrandou e, inclusivamente, parou. Ainda não foi possível estabelecer contacto com o distrito de Memba, onde se suspeita que o impacto tenha sido significativo”, lê-se num balanço feito esta manhã por aquela Organização Não-Governamental (ONG).

Segundo a ONG, em Cabo Delgado “já se registam danos, como desabamento de muros e telhados” e “prevê-se que as zonas costeiras estejam já a sofrer os efeitos mais severos do ciclone”.

Moçambique é dos países mais afectados pela alterações climáticas

A companhia aérea da bandeira nacional, LAM, já cancelou hoje três voos com destino à região norte de Moçambique.

Equipas de apoio humanitário das Nações Unidas foram mobilizadas para Cabo Delgado, face à aproximação do ciclone.

As autoridades moçambicanas admitiram na quinta-feira que cerca de 2,5 milhões de pessoas poderão ser afectadas pelo ciclone Chido nas províncias de Nampula e Cabo Delgado, mas apontaram ainda as províncias da Zambézia e Tete, no centro, e Niassa, no norte, como algumas que poderão ser também afectadas pelo mau tempo.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre Outubro e Abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Já na primeira metade de 2023, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afectaram mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, de acordo com dados oficiais do Governo.

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