Angola, um país com muito (turismo) para dar

O Governo angolano pretende que, no período de 2022- 2027, o País se torne numa nação aberta ao turismo, atraindo um número muito superior de viajantes tanto internacionais, como nacionais.

Hoje, 27 de Setembro, comemora-se o dia Mundial do Turismo, neste sentido Angola não fica de fora dessas comemorações, e para tal o Executivo propõe-se a trabalhar para posicionar o País como um dos maiores destinos turísticos na região da SADC e CEEAC.

Pretende-se criar condições de excelência em 4 zonas turísticas prioritárias: Cabo Ledo, KAZA no Delta do Okavango, Deserto do Namibe e Calandula, melhorando a qualidade das Infra-estruturas de suporte à actividade turística, tais como estradas e vias de acesso, telecomunicações, fornecimento de electricidade e água, bem como serviços de transporte e outros serviços públicos.

Modernizar infra-estruturas e disponibilizar novos serviços para criar um enquadramento mais propício ao turismo, para estimular a procura e garantir a satisfação dos turistas, também é uma intenção do Executivo, que pretende definir e implementar políticas adequadas para garantir a segurança, higiene, a acessibilidade e a comunicação para maior abertura de Angola ao turismo internacional, assegurando a confiança ao turista e o investimento no sector.

O objectivo é aumentar o reconhecimento internacional da marca “Angola Turismo”, fomentar o investimento nacional para o fornecimento dos bens produzidos localmente (incluindo os alimentares) para o consumo turístico, e fomentar o investimento privado (nacional ou estrangeiro) em grande escala no sector, para estimular a procura de produtos nacionais.

É também uma meta aperfeiçoar o quadro legal e regulamentar do sector. Há vários projectos de atracção turistica dentre os quais “Juntos e Todos Pelo Turismo”, um ambicioso programa desenvolvido pelo Instituto de Fomento Turístico (INFOTUR), capaz de transformar o sector do Turismo como alternativa económica e social, a julgar pelas inúmeras potencialidades turísticas do país.

O projecto tem como Embaixadora, a modelo angolana Maria Borges.

Enquadramento: as necessidades e os agentes da promoção do turismo em Angola

Angola procura gradualmente diversificar a sua economia, escolhendo o turismo como uma das principais prioridades da acção estruturante da política económica. Como é sabido, a reconstrução encetada a partir de 2002, não se concentrou no turismo, mas sim na indústria petrolífera, mineração e construção civil. Esgotado esse modelo, a diversificação tornou-se a palavra-chave do desenvolvimento.

Sendo evidente que Angola tem uma enorme potencialidade turística, a verdade é que a sua concretização implica a remoção de diversos obstáculos e criação de condições adequadas.

Existem dois eixos essenciais para criar essas condições: o primeiro é a criação de condições propícias ao investimento no sector turístico, isto implica a revisão da lei de investimento que já ocorreu, a retirada de barreiras de entrada no mercado e a facilitação de crédito bancário para novos projetos.

O segundo eixo é de natureza infra-estrutural e obriga a criar uma rede de transportes, estradas, aviões e barcos adequada, bem como um clima de segurança criminal, além da facilitação de vistos turísticos.

Em 2019, na abertura do Fórum Mundial do Turismo que decorreu em Luanda, o Presidente da República, João Lourenço, deixou bem claro aquilo que o Executivo almejava para o sector: no quadro da diversificação da economia, o turismo deveria assumir um papel promotor do desenvolvimento e gerador de receitas e de emprego.

Para que isso se concretizasse, o Governo deveria apostar no curto e médio prazo, na expansão das infra-estruturas hoteleiras e na infraestruturação dos pólos turísticos de Cabo Ledo, Calandula e do Projecto Transfronteiriço de Okavango Zambeze, com o propósito de aumentar a oferta e as opções de diversidade de turistas e clientes, em geral.

O País tem no turismo potencialidades para captar turistas, tal como fizeram Cabo Verde e o Botswana; tem praias paradisíacas, deserto e florestas, rios de grandes caudais, montanhas, fauna e flora exuberantes, e, acima de tudo, um povo acolhedor e uma gastronomia rica e variada.

Panorama do turismo angolano

Angola tem uma beleza natural extrema que se revela como um destino turístico promissor. A Ilha do Mussulo e Cabo Ledo são exemplos de locais com uma imensa capacidade de atração de turistas, assim como várias zonas das províncias como Namibe, Benguela, Malanje e Cuanza-Sul. As Cataratas de Calandula em Malanje são particularmente impressionantes.

Angola tem inúmeros pontos turísticos, entre os quais podem-se destacar os parques nacionais da Kissama e Iona, Quedas de Calandula, do Ruacaná, Mussulo, Miradouro da Lua ou o Rio Zambeze.

É possível promover o desenvolvimento de hotéis e estâncias balneares turísticas destinadas a veraneantes em algumas das áreas especificamente destinadas ao turismo de sol, mar e areia como Cabo Ledo a 120km de Luanda no concelho da Quiçama, que tem 2.000 hectares de enorme beleza e é um local potencial para o surf mundial.

Outra alternativa voltada para o turismo de natureza é Calandula, Malange que possui as cascatas mais impressionantes de Angola e é o segundo maior da África com 150 metros de altura e 401 metros de largura. Uma área de 1.978 hectares de vegetação infinita e cascatas a perder de vista e que tem um enorme potencial de investimento turístico: alojamento turístico, restauração, animação, golfe e casinos.

Surgiu também a ideia duma rota dos museus. A iniciativa desta rota é despertar e aumentar a cultura de visitas a museus, a fim de se criar identidade patrimonial. Esta rota contempla o Palácio de Ferro, Museu Nacional de História Militar (Fortaleza São Miguel), Museu Nacional de História Natural e o Museu Nacional da Escravatura, passando por várias unidades hoteleiras. Esta rota deverá servir de modelo para implementação em todas as províncias do país.

Os mercados-alvo do turismo angolano deveriam ser a Rússia (após a resolução pacífica da guerra) e a China, que são hoje os países de onde são oriundos mais de 50% dos turistas internacionais, Angola tem tudo para absorver uma fatia substancial desses mercados. Além disso, como se referiu acima, poderia absorver alguma procura europeia, sobretudo na área da aventura e experiências ecológicas novas.

Eixos estratégicos e zonas especiais de turismo (ZET)

A estratégia para o turismo deve assentar em dois eixos: o fomento do investimento e a criação de infraestruturas.

Reconhece-se que existe um novo clima favorável ao investimento e também um esforço, sobretudo no âmbito da CPLP, de flexibilização do processo burocrático de emissão de vistos de turismo, ou seja, estão a ser desenvolvidas as condições para uma nova estratégia de captação de turistas.

Segundo um responsável angolano, os documentos necessários para o licenciamento dos empreendimentos turísticos foram reduzidos, passando de 11 documentos antes exigidos para três. Foi alterada a validade dos alvarás de três para cinco anos, está em curso o processo de descentralização do sistema de emissão dos alvarás. Todas essas ações visam a melhoria do ambiente de negócios na área do Turismo. Em relação aos vistos, o mesmo responsável salienta que o processo já foi mais difícil. Fez saber que houve avanços significativos, que precisam de ser melhorados, para atrair mais turistas.

Os mesmos responsáveis defendem que, em termos de infra-estruturas, existem lacunas fáceis de resolver; o aeroporto da Catumbela (Benguela) poderá ser dotado de mecanismos para receber voos internacionais diretos, os transportes fazem parte do investimento que cabe aos privados, a linha férrea do Caminho de Ferro de Benguela passa a centenas de metros do aeroporto, liga à Zâmbia e à República Democrática do Congo e vai até à Tanzânia no Índico, o Lobito tem um Porto de grande capacidade, e a própria expansão vai proporcionando investimentos paralelos na saúde, na formação, nos serviços, e na capacidade de produção de mão de obra qualificada e competitiva.

Ao nível do Governo, há o reconhecimento do Turismo como sector estratégico no Plano Desenvolvimento Nacional 2018-2022, como garantia de mão-de-obra intensiva, a par da agricultura, das indústrias diversas e das pescas. Constam do Plano de Desenvolvimento Nacional algumas ações pontuais, tais como a melhoria na comunicação com os Polos de desenvolvimento Turísticos, a elaboração de projetos de construção e reabilitação de infraestruturas hoteleiras e turísticas, estatais e mistas, a identificação de zonas de desenvolvimento prioritário, com o intuito de recuperar e desenvolver todo o património da rede hoteleira e turística.

As províncias de Luanda, Benguela, Huíla, Huambo e Cabinda são as que mais turistas receberam, enquanto os principais países emissores de turistas para Angola foram a África do Sul, Namíbia e a República Democrática do Congo.

Com a nova estratégia para a promoção do turismo, Angola espera integrar a lista dos principais destinos turísticos em África até 2025.

Milhares por mês

O secretário de Estado para o Turismo, Hélder Marcelino, disse segunda-feira, em Luanda, que o país recebe por mês mais de 1.500 turistas internacionais.

O responsável falava durante as comemorações alusivas ao Dia Mundial do Turismo, em que Angola escolheu o lema “Repensar o turismo -trilhando caminhos para juntos desenvolver o sector”.

Hélder Marcelino disse também ser necessário criar um ambiente propício para que cada vez mais haja cidadãos de outras partes do mundo interessados em visitar os encantos naturais de Angola e fomentar o turismo para contribuir na economia do país com a arrecadação de receitas.

Durante a actividade os operadores do sector do turismo mostraram-se preocupados com a insuficiência de hotéis pertencentes a cadeias internacionais, que dizem ser um elemento que agregaria valor ao sector e chamaria mais turistas ao país, um problema que o Secretário de Estado Hélder Marcelino reconheceu e disse ser um processo contínuo que deve começar com a melhoria do ambiente de negócios em Angola, de tal forma que se possa atrair para o país turistas e, consequentemente, investidores para o sector.

Em 2017, entraram em Angola 260.961 turistas, menos que os 397.485 registados no ano anterior. As receitas do turismo renderam ao Estado angolano 10.000 milhões de kwanzas (30,3 milhões de euros).

De acordo com o Jornal de Angola, o sector do Turismo em Angola representa 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

O Dia Mundial do Turismo celebra-se desde 1980, no dia 27 de setembro. Este dia foi escolhido por ser a data em que, no ano de 1970, entraram em vigor as diretivas que são consideradas como mais marcantes para o turismo global.

​Este dia pretende promover a tomada de consciência sobre o valor social, cultural, político e económico do turismo e a contribuição desta atividade para serem alcançados os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.

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