Vandalização de infra-estruturas eléctricas deixam 300 mil famílias às escuras

O Governo de Angola anunciou, ontem, quarta-feira, dia 17, que a vandalização de uma torre de alta tensão no país deixou sem electricidade 300 mil famílias nas províncias do Cuanza Sul e Benguela, com prejuízos de 50 milhões de dólares.

De acordo com informação avançada pela agência Lusa, o acto de vandalismo foi registado na terça-feira no Cuanza Sul e foi causado pela remoção de parafusos e cantoneiras da referida infra-estrutura.

Em declarações à imprensa, o ministro da Energia e Águas de Angola, João Baptista Borges, lamentou o sucedido, frisando que centenas de milhares de famílias nestas duas regiões estão sem energia desde a tarde de terça-feira.

“Estamos a fazer tudo para que hoje, quinta-feira, dia 18, até ao final do dia, tenhamos já normalizado o abastecimento de energia a Benguela e também de água, porque com a falta de electricidade temos o sistema de tratamento de água parado”, referiu o ministro, que se encontra em Benguela, em declarações à Televisão Pública de Angola (TPA), destacando que o problema da vandalização tem vindo a ser denunciado há vários anos, com “manifestações de preocupação por parte do Executivo.”

“Creio que hoje há uma noção também por parte da população daquilo que têm sido os prejuízos que são causados aos bens públicos e, neste caso, estamos a falar dos sistemas de transporte e distribuição de energia, investimentos que são bastante caros. Temos estado a sofrer as consequências desses actos”, frisou.

O governante angolano salientou que, até este momento, foram calculadas perdas financeiras de mais de 50 milhões de dólares, no que se refere ao investimento necessário para a reposição dos danos causados.

A Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) condenou a acção praticada por indivíduos ainda não identificados, “considerando como um acto de sabotagem, por ser recorrente, causando constrangimentos na distribuição de electricidade, comprometendo a segurança, bem-estar das famílias e estabilidade do sistema eléctrico, gerando elevados prejuízos para a empresa.”

“A ENDE apela, por isso, à população uma maior colaboração, denunciando às autoridades qualquer movimento suspeito junto das infra-estruturas, e garante estarem em curso trabalhos para a reposição dos serviços”, refere-se na nota, acrescentando que “só em Novembro foram registadas várias ocorrências de vandalismo de Alta e Média Tensão nas província do Bengo, Benguela, Luanda e Cunene.”

Há vários anos que Angola é confrontada com o fenómeno da vandalização de bens públicos, que tem afectado os sectores da água, energia, com o furto de cabos, de parafusos, cantoneiras, tampas de sarjetas, entre outros, que alegadamente sustentam o negócio da venda a peso de material ferroso, causando avultados prejuízos ao Estado.

Refira-se que este ano, a Assembleia Nacional aprovou a Lei dos Crimes de Vandalismo de Bens e Serviços Públicos, cuja pena máxima atinge os 25 anos de prisão.

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