Organizações internacionais apelam ao diálogo na Guiné-Bissau
A União Africana (UA) a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a União Europeia (UE) manifestaram a sua preocupação, esta terça-feira, dia 5, perante a dissolução do Parlamento da Guiné-Bissau e o clima de violência no país.
Na semana passada, na noite de quinta-feira e na manhã de sexta-feira, confrontos entre a Guarda Nacional e o exército causaram pelo menos dois mortos na capital, Bissau, tendo sido descritos como uma “tentativa de golpe de Estado” pelo presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, que decidiu dissolver o Parlamento.
Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da UA, “condenou veementemente a recente violência na Guiné-Bissau”, ao mesmo tempo que “registou com preocupação a dissolução” do Parlamento, de acordo com um comunicado de imprensa divulgado na rede social X (antigo Twitter). O presidente da Comissão da UA apelou também ao Governo e às partes interessadas “para darem prioridade ao diálogo”.
Umaro Sissoco Embaló decidiu na segunda-feira dissolver o Parlamento, na sequência dos confrontos entre a Guarda Nacional e efetivos do batalhão do Palácio Presidencial, que considerou tratar-se de um golpe de Estado. O Presidente da República tomou a decisão após uma reunião do Conselho de Estado. Sissoco Embaló considerou “um golpe de Estado” o facto de a Guarda Nacional ter retirado o ministro das Finanças, Suleimane Seidi, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, das celas da Polícia Judiciária, na noite de quinta-feira, detidos devido a um alegado caso de corrupção.
Na sequência deste acto, geraram-se confrontos armados entre a Guarda Nacional e o batalhão da Presidência, que foi resolvido com a intervenção da Polícia Militar e que resultou na detenção do comandante da Guarda Nacional, Vitor Tchongo.
Imediatamente após o anúncio do Presidente da República, observou-se na cidade de Bissau uma forte presença militar nas ruas, que deixou de ser visível à noite.
Também a União Europeia disse hoje estar “preocupada” com a deterioração da situação político-social na Guiné-Bissau, e apelou ao respeito pela Constituição do país e uma resolução pacífica do diferendo, para “consolidar a democracia” guineense. “A UE está preocupada com os últimos acontecimentos na Guiné-Bissau. Pedimos a todos os intervenientes políticos para resolverem a situação política e administrativa do país de acordo com a Constituição e as leis relevantes do país”, disse à Lusa um porta-voz da Comissão Europeia. A UE quer uma “resolução pacífica e tranquila” do diferendo político-social, imperativa para “assegurar a consolidação da democracia e do Estado de direito na Guiné-Bissau”, acrescentou.
A presidência da CPLP, actualmente exercida por São Tomé e Príncipe, apelou igualmente ao “respeito pelos princípios do Estado de direito democrático e da separação de poderes” na Guiné-Bissau.