Moqtada al-Sadr irá deixar a política iraquiana
O líder xiita Moqtada al-Sadr declarou, esta segunda-feira, que irá deixar a política iraquiana, numa altura em que o país está sem governo desde as eleições legislativas de Outubro de 2021. Após o anúncio, os seus apoiantes invadiram o Palácio da República enquanto um recolher obrigatório era decretado em Bagdad, receando uma grande agitação.
“Eu tinha decidido não interferir nos assuntos políticos. Estou agora a anunciar a minha retirada final e o encerramento de todas as instituições excepto o Mausoléu Sagrado (do seu pai Mohammed al-Sadr que morreu em 1999), o Museu de Honra e a Autoridade do Património Al-Sadr”, escreveu Moqtada al-Sadr no Twitter.
O Iraque, rico em petróleo, mas a atravessar uma grave crise económica e social, ainda não tem um novo primeiro-ministro, nem um novo governo, uma vez que as forças xiitas não conseguem chegar a acordo sobre a forma de os nomear.
Entretanto, logo após o anúncio do clérigo, os seus apoiantes “entraram no Palácio da República”, localizado na Zona Verde, onde o acesso foi fechado, disse uma fonte de segurança sob condição de anonimato à Agência France Press (AFP).
Um fotógrafo da AFP avançou que os manifestantes sentaram-se nas cadeiras de uma das salas de reuniões, alguns agitando bandeiras iraquianas, outros levando selos. Houve também quem se tivesse banhado numa piscina do jardim. O Palácio da República está localizado na icónica Zona Verde – particularmente vigiada – de Bagdad e acolhe normalmente o Conselho de Ministros.
Durante semanas, Moqtada al-Sadr tem vindo a exigir a dissolução do Parlamento e novas eleições legislativas antecipadas para tentar resolver a crise. Em termos mais gerais, exigiu a “reforma” do sistema político iraquiano de cima a baixo e o fim da corrupção.
Refira-se que Moqtada al-Sadr, nascido em 1974, nunca governou efectivamente o Iraque, mas desde a sua fortaleza, na cidade sagrada de Najaf, a sua aura religiosa e política transporta grande parte da comunidade xiita, a maioria no Iraque.