Angolana Ana Paula Tavares conquista Prémio Camões 2025

Ana Paula Tavares, poetisa e historiadora angolana, é a vencedora da 37ª edição Prémio Camões, o mais alto galardão de Língua Portuguesa.

O júri fundamentou a sua decisão pela “sua fecunda e coerente trajectória de criação estética e, em especial, o seu resgate de dignidade da Poesia”, refere o comunicado enviado ontem à tarde à Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB).

“O Júri sublinhou que, com a dicção do seu lirismo sem concessões evasivas e com os livres compromissos da produção em crónica e em ficção narrativa, a obra de Ana Paula Tavares ganha também relevante dimensão antropológica em perspectiva histórica.”

“Estou contente por ser um prémio para a poesia e por ser um prémio para as mulheres”, referiu a autora, citada pelo jornal “Público” de Lisboa. E acrescentou: “Lembro-me sobretudo das mulheres do meu país que não têm voz, que não são ouvidas,” adiantando que se a sua poesia puder mostrar “essa inquietação”, então já servirá para “alguma coisa.”

Nascida na cidade de Lubango, Angola, em 1952, Ana Paula Tavares é doutorada em Antropologia da História, pela Universidade Nova de Lisboa. Estudou História na Faculdade de Letras do Lubango e completou essa formação já em Lisboa, sendo mestre em Literatura Brasileira e Literaturas Africanas de Línguas Portuguesa pela Universidade de Lisboa e doutorada em Antropologia da História pela Universidade Nova de Lisboa, como recorda a biografia disponibilizada pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) no comunicado de anúncio do prémio.

A poeta e historiadora vive actualmente em Lisboa e é docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, colaborando também com várias instituições como investigadora convidada, como o CLEPUL (Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o AHNA (Arquivo Histórico Nacional de Angola).

Grande parte da obra de Ana Paula Tavares, autora de vasta obra literária em prosa e poesia e de textos científicos, está publicada em antologias editadas em vários países.

Ao longo da carreira, trabalhou em áreas como a Museologia, o Património, a Animação Cultural, Arqueologia e Etnologia, tendo colaborado com múltiplas organizações, desde a Associação Angolana do Ambiente ao Comité Angolano do Conselho Internacional de Museus (ICOM), Comité Angolano do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) e Comissão Angolana para a UNESCO.

A bibliografia – que se começou a desenhar no pós-independência de Angola – de Ana Paula Tavares é extensa e multifacetada, tendo a Caminho editado uma poesia reunida em 2023, a que foi acrescentado um livro de originais de nome “Água Selvagem”.

Lembre-se que o Prémio Camões de literatura em língua portuguesa, instituído pelos Governos de Portugal e do Brasil, foi atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor português Miguel Torga. Segundo o texto do protocolo constituinte, assinado em Brasília, em 22 de Junho de 1988, e publicado em Novembro do mesmo ano, o prémio consagra anualmente “um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum.”

Financiado em partes iguais pelos Governos de Portugal e do Brasil, o Prémio Camões tem o valor de cem mil euros. Esta é a segunda vez que uma mulher dos PALOP’s o conquista, depois da moçambicana Paulina Chiziane.

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