Presidente da Comissão Europeia reafirma a importância estratégica do Corredor do Lobito

O presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, descreveu ontem, quinta-feira, dia 9, o Corredor do Lobito, em Angola, como um “investimento estratégico” tanto para a União Europeia (UE) como para África, falando em “muito mais do que infra-estruturas.”

“Estão em causa matérias-primas essenciais que são tão vitais para as nossas indústrias estratégicas não apenas para as necessidades da Europa, mas com transformação local e valor acrescentado, pelo que o Corredor do Lobito é um investimento estratégico tanto para a Europa como para os nossos parceiros africanos”, afirmou Ursula Von Der Leyen.

Num discurso em Bruxelas no fórum Global Gateway (a iniciativa da UE lançada há quatro anos para promover investimentos sustentáveis em países em desenvolvimento), a líder do Executivo comunitário defendeu a construção de “cadeias de valor resilientes com infra-estruturas locais, mas também empregos, competências e indústrias locais.”

“O Corredor do Lobito já é um exemplo de como isso funciona na prática”, salientou a presidente da UE.

“Esta artéria de transporte liga a costa atlântica de Angola às regiões minerais da Zâmbia e da República Democrática do Congo (RDC), reduzirá a viagem do centro do continente até ao porto de 45 dias para apenas uma semana e, ao retirar 5 mil camiões pesados das estradas congestionadas, reduzirá significativamente as emissões de carbono”, acrescentou.

Essencial para as cadeias de valor

Para a presidente da Comissão Europeia, “o Corredor do Lobito é muito mais do que infra-estrutura.” Isto porque também “está a mobilizar mais de mil milhões de euros, não só para caminhos-de-ferro e estradas, mas também para cadeias de valor agrícolas em Angola, na RDC e na Zâmbia para centros logísticos modernos que levam os produtos ao mercado, para a formação profissional, a fim de garantir que a população local beneficie de novos empregos”, adiantou.

Na quarta-feira, a Comissão Europeia e o Banco Mundial anunciaram uma parceria estratégica para financiar projectos de conectividade sustentável, entre os quais o Corredor do Lobito, em Angola, para o qual Bruxelas já mobilizou 500 milhões de euros em subvenções.

Em causa está um reforço da parceria estratégica entre o Executivo comunitário e a instituição financeira internacional de empréstimos aos países em desenvolvimento para impulsionar projectos de conectividade.

Segundo a instituição, foram seleccionados 18 investimentos de elevado impacto em três sectores estratégicos – energia, transportes e infra-estruturas digitais – em África, Ásia e Pacífico, América Latina e Caraíbas, nos quais se encontra o Corredor do Lobito.

Esta é uma das principais iniciativas de integração económica e logística em África, ligando o porto do Lobito às regiões mineiras da República Democrática do Congo e da Zâmbia, através de uma linha ferroviária estratégica.

Este corredor visa facilitar o escoamento de minerais críticos, como o cobre e o cobalto, essenciais para a transição energética global, reduzindo custos e tempos de transporte, mas além do impacto económico promove emprego local, infra-estruturas sustentáveis e cooperação regional.

Fontes europeias ouvidas pela Lusa explicaram que, até ao momento, a UE já mobilizou mais de 500 milhões de euros em subvenções em vários projectos nos três países do Corredor do Lobito: Angola, Zâmbia e RDC.

No seu discurso, Von Der Leyen mencionou ainda, sem precisar, a “modernização de portos estratégicos em Cabo Verde.”

O Global Gateway é uma iniciativa da União Europeia lançada em 2021 para reforçar as ligações globais. Nestes quatro anos de implementação, o projecto já permitiu mobilizar 306 mil milhões de euros, e a expectativa da UE é de chegar aos 400 mil milhões de euros até 2027.

Notícias relacionadas
Comentários
Loading...