Banco Africano de Desenvolvimento disponibiliza cinco mil milhões para PME
A Acção Financeira Afirmativa para as Mulheres em África (AFAWA) tem como meta, até 2026, desbloquear um financiamento de cerca de cinco mil milhões de dólares destinados a apoiar pequenas e médias empresas dirigidas por mulheres.
A informação foi avançada, esta semana, em Luanda, pelo representante do Banco Africano de Investimento (BAD), Pietro Tiogo, na apresentação do projecto sob égide do BAD, dando conta de que a iniciativa tem como finalidade a redução do déficit de 42 mil milhões de dólares nas mulheres empreendedoras africanas.
Pietro Tiogo, que falava na abertura da Série Financeira da Acção Financeira Afirmativa para mulheres, adiantou, também, que até ao momento já foram aprovados mil milhões de dólares, utilizados nas regras de financiamento tradicionais do Banco.
Por este motivo, disse, lançamos esta nova parceria, com iniciativa da AFAWA, em parceria com as associações financeiras, o Banco Africano de Desenvolvimento(BAD) e o Fundo Africano de Garantia (AGF, em inglês).
Pietro Tiogo referiu que apenas um terço das empresas formais na África subsariana é dirigido por mulheres, e dois terços estão representados no sector informal, facto que, em sua opinião, “representa uma grande lacuna de financiamento de cerca de 42 mil milhões de dólares, numa altura em que no sector agrícola, a lacuna é de 16 mil milhões de dólares”.
Exclusão financeira
O representante do BAD em Angola avançou que as mulheres angolanas ainda sofrem com a exclusão financeira, na medida em que 55 por cento dos homens têm acesso ao estudo (literacia financeira), enquanto as mulheres representam apenas 41 por cento.
Sublinhou que um estudo feito pela AFAWA em 2021 demonstra que somente duas instituições bancárias no país têm programa de empréstimo adaptado à necessidade da mulher empreendedora.
“O enquadramento da mulher centra-se no trabalho do Banco Africano de Desenvolvimento porque investir nas mulheres é apostar no desenvolvimento económico”, realçou.
Áreas de investimento
O apoio ao sector das pescas permite acelerar o ingresso da mulher comerciante de peixe, com infra-estrutura para processamento, conservação e comercialização do produto, redução de perdas pós-colheita e aumentar o valor acrescentado em oito comunidades pesqueiras.
De acordo com Pietro Tiogo, o BAD está a financiar o projecto de desenvolvimento das cadeias de valor na província de Cabinda, que beneficiou de forma directa 25 mil mulheres, na produção de milho, feijão e coco.
O projecto, frisou o responsável, conta com parceria do Banco Sol num esquema de microcrédito que até agora beneficiou acima de dois mil cidadãos, 60 por cento dos quais são mulheres.
Por seu turno, a coordenadora do projecto, Esther Dassanou, disse à imprensa, que o mesmo representa “uma oportunidade para as mulheres empreendedoras”, em função das dificuldades no acesso ao crédito por falta de garantia aos bancos, pelo que “é neste quesito que a AFAWA surge para assegurar o risco e facilitar o acesso”.
A organização vai trabalhar com as instituições financeiras e mediante as necessidades de aplicação de crédito, deverão reportar ao Fundo de Garantia de Crédito(FGC) este por sua vez disponibilizará o valor.